Se já trabalhas, ou estás a começar, esta leitura pode ser o ponto de viragem que precisas.
Quanto se ganha realmente em cada fase da carreira, quais setores pagam mais e o que fazer para duplicares o teu rendimento mais depressa do que pensas.
Ninguém nos ensina quanto devíamos estar a ganhar… e quem não sabe, aceita qualquer valor.
Quem entende o valor do seu trabalho, ganha mais!
Salários médios para iniciantes: entre 760 € e 1.200 €
De acordo com os dados mais recentes, a maioria dos profissionais em início de carreira, recebe entre 760 € (o salário mínimo nacional) e 1.200 € mensais brutos. Este intervalo varia conforme o setor de atividade, o nível de qualificação e até mesmo a região do país.
Nos primeiros anos de experiência, o salário tende a manter-se mais próximo do mínimo legal, especialmente em áreas como retalho, hotelaria, serviços gerais e apoio administrativo. Por outro lado, funções mais técnicas ou ligadas à tecnologia, saúde e finanças tendem a oferecer valores iniciais um pouco mais elevados, mesmo sem grande experiência prévia.
Setores com mais oportunidades para começar
Apesar de nem todos os setores pagarem os salários mais altos no início, alguns oferecem forte empregabilidade e oportunidades de crescimento rápido:
- Retalho e atendimento ao cliente: ideal para quem procura uma entrada rápida no mercado. Salários entre 760 € e 950 €, mas com possibilidades de progressão interna.
- Tecnologias de informação: mesmo cargos júnior podem começar acima dos 1.000 €, especialmente com competências técnicas em linguagens de programação, análise de dados ou suporte técnico.
- Saúde e cuidados pessoais: enfermeiros, auxiliares e técnicos têm elevada procura. Remuneração inicial próxima dos 1.100 €, com estabilidade e escalas claras de progressão.
- Logística e transporte: motoristas, preparadores de encomendas e assistentes logísticos são muito procurados, com salários entre 850 € e 1.100 €.
Formação e competências: o que faz a diferença no início
Embora a experiência ainda esteja a ser construída, as competências adquiridas ao longo da formação (académica ou técnica) podem ter um impacto direto na proposta salarial. Ter um curso técnico especializado, dominar línguas estrangeiras (especialmente inglês e francês) ou ter certificações digitais pode permitir ao candidato começar numa faixa salarial mais vantajosa.
Além disso, mostrar uma postura proativa, capacidade de aprendizagem rápida e boas soft skills — como comunicação e trabalho em equipa — também influencia positivamente na negociação inicial.
Diferenças regionais a considerar
O local onde se inicia a carreira também influencia diretamente o salário. Em Lisboa e no Porto, os valores tendem a ser um pouco mais elevados devido ao custo de vida e à maior presença de empresas internacionais. Em contrapartida, noutras regiões do país, o salário inicial pode aproximar-se mais do mínimo nacional, embora o custo de vida também seja inferior.
No entanto, com a crescente tendência do trabalho remoto e híbrido, muitos jovens conseguem hoje aceder a posições melhor remuneradas sem, necessariamente, residirem nas grandes cidades.
E depois do início? Caminhos para crescer
É importante reforçar que o salário de entrada não define a trajetória profissional. Muitos profissionais que começam com salários modestos conseguem, em poucos anos, duplicar ou até triplicar os seus rendimentos — especialmente se investirem em formação contínua, ganharem experiência prática e assumirem responsabilidades dentro da empresa.
Áreas como vendas, marketing digital, programação e gestão de equipas são conhecidas por permitirem progressão salarial rápida. Por isso, começar com 800 € ou 900 € por mês não é o fim — é o ponto de partida.
Profissionais intermédios: 1.000 € e 2.000 € brutos por mês
Depois de ultrapassada a fase inicial da carreira, muitos profissionais entram num ponto de estagnação: já não são considerados iniciantes, mas também ainda não atingiram cargos de liderança. É nesta fase — a chamada experiência intermédia — que as decisões estratégicas podem fazer toda a diferença no salário mensal. Neste artigo, vamos explorar como duplicar a tua remuneração mesmo sem ainda ocupares uma posição sénior.
O que é ser um profissional com experiência intermédia?
Em termos gerais, considera-se um profissional intermédio alguém com 2 a 5 anos de experiência na sua área, que já executa tarefas com autonomia, mas ainda não assumiu responsabilidades de gestão. Muitas vezes, este profissional já passou por uma ou duas empresas, domina as ferramentas do seu setor e começa a ser visto como um colaborador fiável.
Nesta fase, os salários situam-se normalmente entre 1.000 € e 2.000 € brutos por mês, dependendo do setor, da função e da localização. Mas é possível alcançar patamares mais altos com as decisões certas — e sem necessariamente esperar por uma promoção.
Áreas com maior valorização salarial para profissionais intermédios
Nem todos os setores remuneram da mesma forma esta etapa da carreira. Alguns valorizam mais a especialização técnica e a entrega de resultados tangíveis do que o tempo de casa. Eis alguns exemplos:
- Tecnologia da Informação (TI): programadores, analistas e técnicos com experiência prática podem rapidamente ultrapassar os 2.000 €, mesmo sem cargos de chefia.
- Vendas e área comercial: comissões e prémios de desempenho permitem que profissionais com 2 a 3 anos de experiência alcancem rendimentos superiores à média.
- Engenharia e indústria especializada: funções técnicas valorizadas, como manutenção, automação e controlo de qualidade, têm boa progressão salarial com experiência comprovada.
- Marketing digital: cargos intermédios como especialistas em SEO, media buyers ou gestores de campanhas podem ganhar entre 1.500 € e 2.500 €, dependendo do tipo de empresa e do mercado.
Como duplicar o salário sem esperar por uma promoção formal
A evolução na carreira não depende apenas de promoções tradicionais. Há várias estratégias práticas que podem duplicar o teu rendimento a médio prazo:
- Especialização técnica
Aprofundar conhecimentos numa subárea da tua profissão (ex: certificações técnicas, ferramentas digitais, idiomas) pode colocar-te numa faixa salarial superior. O mercado valoriza quem resolve problemas específicos com agilidade. - Mudar de empresa com critério
Permanecer anos numa empresa sem revisão salarial real pode limitar o teu crescimento. Muitas vezes, uma mudança estratégica de empregador permite aumentos imediatos na ordem dos 20% a 50%. - Negociação com base em dados concretos
Pedir um aumento com base em resultados visíveis, comparativos salariais do setor e provas de impacto no trabalho realizado aumenta as hipóteses de sucesso. - Assumir novas responsabilidades, mesmo sem título
Mostrar iniciativa e liderar pequenos projetos internos demonstra valor acrescentado — o que, mais tarde, pode justificar um aumento ou nova proposta externa.
Saber quando agir (e quando esperar)
É natural sentir frustração quando o salário não acompanha a evolução das tuas competências. No entanto, é importante avaliar o contexto: nem sempre é o momento ideal para mudar de emprego ou exigir um aumento. Fatores como o estado do mercado, a estabilidade interna da empresa e a tua posição negocial devem ser considerados com cuidado.
Se sentes que já atingiste um “tecto” na empresa atual, prepara-te com tempo: atualiza o teu currículo, fortalece o teu LinkedIn, e começa a pesquisar o que o mercado valoriza atualmente no teu perfil profissional.
Área comercial: 2.000 € ou mais por mês
Num mercado de trabalho em constante transformação, poucas áreas conseguem manter níveis elevados de remuneração como o setor comercial. Apesar de muitas vezes não exigir formação académica superior, a área de vendas e negociação destaca-se por permitir rendimentos acima da média — especialmente para quem tem atitude, foco em resultados e competências de comunicação bem trabalhadas.
A base do salário comercial: fixo + variável
Uma das principais razões pelas quais os salários na área comercial se destacam é o modelo de remuneração mista. Em vez de depender exclusivamente de um salário fixo, muitos profissionais recebem comissões sobre vendas, prémios por metas atingidas e, em alguns casos, bónus trimestrais ou anuais.
Isto significa que um(a) comercial com salário base entre 1.000 € e 1.500 € pode facilmente atingir 2.000 € ou mais por mês, dependendo do desempenho. Em cargos como gestor de contas, responsável de zona ou técnico comercial especializado, esse valor pode ultrapassar os 2.500 € mensais.
Setores onde os comerciais ganham mais
Nem todos os ramos comerciais pagam da mesma forma. Os segmentos mais rentáveis para quem trabalha na área de vendas incluem:
- Tecnologia e informática: venda de software, equipamentos ou soluções B2B (empresa para empresa) oferece comissões generosas.
- Imobiliário: os agentes imobiliários com boa carteira de clientes e posicionamento local conseguem rendimentos mensais muito acima da média.
- Serviços financeiros e seguros: bancários e mediadores que atingem metas frequentemente acumulam bónus elevados.
- Indústria e comércio técnico: vendas de equipamentos industriais, ferramentas, maquinaria ou produtos técnicos exigem mais conhecimento, mas pagam melhor.
Perfil valorizado: o que diferencia os melhores
Ao contrário de outras áreas, onde o percurso académico pesa bastante, no setor comercial o que conta é o desempenho real. As empresas valorizam profissionais que:
- Estabelecem relações de confiança com os clientes;
- São persistentes e resilientes face a recusas;
- Sabem negociar com empatia e estratégia;
- Demonstram resultados consistentes ao longo do tempo.
Além disso, a capacidade de analisar dados de vendas, entender o comportamento do consumidor e usar ferramentas como CRMs ou plataformas de automação comercial é cada vez mais valorizada — e pode diferenciar um comercial comum de um top performer.
Porque é que a área comercial resiste às crises
Outro motivo para os salários competitivos na área comercial é a sua relevância estratégica para qualquer empresa. Mesmo em momentos de crise económica, vender continua a ser uma prioridade. Empresas que reduzem custos muitas vezes mantêm (ou reforçam) as suas equipas comerciais, pois é daí que vêm as receitas.
Além disso, como o salário é parcialmente variável, o risco para a empresa é menor — e o potencial de ganho para o profissional é mantido. É uma relação em que ambos beneficiam.
A progressão de carreira também é rápida
Na área comercial, é possível subir de cargo em pouco tempo, especialmente quando os resultados falam por si. Um(a) comercial pode evoluir para funções como:
- Gestor de equipas comerciais
- Responsável de grandes contas (Key Account Manager)
- Diretor comercial
Estes cargos não só oferecem melhores salários fixos como também trazem acesso a bónus maiores, viaturas de serviço e outras regalias associadas à performance.